Investigando o Modernismo 1ª fase


Introdução:

Algum de vocês já foi acusado de não seguir regras? De querer ir de encontro a algum sistema estabelecido? Ou até mesmo de criticar quase tudo o que vê pela frente? Quem sabe você não pensa como os poetas modernistas da primeira fase?

Os poetas do Modernismo da primeira fase são conhecidos como iconoclastas, aqueles que não seguem regras, por usarem seus textos como crítica de nosso passado histórico e de nossas tradições culturais, visam a reconstrução da cultura brasileira sobre bases nacionais. Por isso, os textos estão relacionados com a visão nacionalista, porém crítica, da realidade brasileira.


Tarefa:

Atendendo ao projeto literário do Modernismo, investiguemos a crítica e a linguagem, que são as duas linhas que os poetas enfatizam nas produções

  • Façam uma análise comparativa intertextual entre poema e a carta abaixo:
  •  As meninas de gare, de Oswald de Andrade.
  •  A carta descritiva, de Pero Vaz de Caminha.

 

  • Façam uma análise comparativa da linguagem e da intertextualidade entre a poesia modernista e parnasiana:
  •  Poética, de Manuel Bandeira.
  •  Profissão de fé, de Olavo Bilac.

Processo:
  • O trabalho deve ser feito em grupos de 4 pessoas.
  • Vocês devem seguir os seguintes passos:

ü  Ler e compreender os textos.

ü  Pesquisar os links selecionados, além de outros que vocês possam relacionar.

ü  Analisar os aspectos críticos das poesias modernistas sugeridas, relacionando às características do projeto literário de cada estilo a que o texto está vinculado.

ü  Estabelecer relações de semelhança e diferença linguísticas e intertextuais entre os textos.

ü  Escrever a análise relacionando os dois primeiros poemas atendendo ao que foi sugerido. E em seguida a segunda análise sobre os poemas de Manuel Bandeira e Olavo Bilac.

  • Entregar o trabalho escrito em    /11/13, na aula de Literatura.

Fontes de Informação:

Os links abaixo fornecem informações relevantes para a realização da tarefa. Você deve consultá-los, mas não precisa restringir sua pesquisa a eles.

 

INTERTEXTUALIDADE

http://www.pucrs.br/gpt/intertextualidade.php

 

OSWALD DE ANDRADE COMO AGITADOR CULTURAL DO MODERNISMO

http://bravonline.abril.com.br/materia/de-cadillac-em-paraty

 

LÍNGUA, MODERNISMO E IDENTIDADE NACIONAL

http://conversadeportugues.com.br/2012/01/oswald-de-andrade/

http://www.ichs.ufop.br/memorial/trab/l5_1.pdf

CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA

http://www.culturabrasil.org/zip/carta.pdf

 

 

Poemas:

 

 

AS MENINAS DA GARE

 

Oswald de Andrade

 

Eram três ou quatro moças
bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha

 

POÉTICA

Manuel Bandeira

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

 

PROFISSÃO DE FÉ

Olavo Bilac

Le poète est cise1eur,
Le ciseleur est poète.
Victor Hugo.

Não quero o Zeus Capitolino
Hercúleo e belo,
Talhar no mármore divino
Com o camartelo.

Que outro - não eu! - a pedra corte
Para, brutal,
Erguer de Atene o altivo porte
Descomunal.


Mais que esse vulto extraordinário,
Que assombra a vista,
Seduz-me um leve relicário
De fino artista.

Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.

Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.

Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.

Corre; desenha, enfeita a imagem,
A idéia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.

Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.

Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:

E que o lavor do verso, acaso,
Por tão subtil,
Possa o lavor lembrar de um vaso
De Becerril.

E horas sem conto passo, mudo,
O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.

Porque o escrever - tanta perícia,
Tanta requer,
Que oficio tal... nem há notícia
De outro qualquer.

Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!

Deusa! A onda vil, que se avoluma
De um torvo mar,
Deixa-a crescer; e o lodo e a espuma
Deixa-a rolar!

Blasfemo> em grita surda e horrendo
Ímpeto, o bando
Venha dos bárbaros crescendo,
Vociferando...

Deixa-o: que venha e uivando passe
- Bando feroz!
Não se te mude a cor da face
E o tom da voz!

Olha-os somente, armada e pronta,
Radiante e bela:
E, ao braço o escudo> a raiva afronta
Dessa procela!

Este que à frente vem, e o todo
Possui minaz
De um vândalo ou de um visigodo,
Cruel e audaz;

Este, que, de entre os mais, o vulto
Ferrenho alteia,
E, em jato, expele o amargo insulto
Que te enlameia:

É em vão que as forças cansa, e â luta
Se atira; é em vão
Que brande no ar a maça bruta
A bruta mão.

Não morrerás, Deusa sublime!
Do trono egrégio
Assistirás intacta ao crime
Do sacrilégio.

E, se morreres por ventura,
Possa eu morrer
Contigo, e a mesma noite escura
Nos envolver!

Ah! ver por terra, profanada,
A ara partida
E a Arte imortal aos pés calcada,
Prostituída!...

Ver derribar do eterno sólio
O Belo, e o som
Ouvir da queda do Acropólio,
Do Partenon!...

Sem sacerdote, a Crença morta
Sentir, e o susto
Ver, e o extermínio, entrando a porta
Do templo augusto!...

Ver esta língua, que cultivo,
Sem ouropéis,
Mirrada ao hálito nocivo
Dos infiéis!...

Não! Morra tudo que me é caro,
Fique eu sozinho!
Que não encontre um só amparo
Em meu caminho!

Que a minha dor nem a um amigo
Inspire dó...
Mas, ah! que eu fique só contigo,
Contigo só!

Vive! que eu viverei servindo
Teu culto, e, obscuro,
Tuas custódias esculpindo
No ouro mais puro.

Celebrarei o teu oficio
No altar: porém,
Se inda é pequeno o sacrifício,
Morra eu também!

Caia eu também, sem esperança,
Porém tranqüilo,
Inda, ao cair, vibrando a lança,
Em prol do Estilo!


Avaliação:

Este trabalho estará ótimo se você:

1º apresentar trabalho escrito contendo a análise comparativa solicitada, evidenciando os aspectos linguísticos e intertextuais

2º utilizar a variedade padrão escrita, adequando  linguagem ao gênero;

3º apresentar suas inferências e conclusões;

4º apresentar organização e sequências coerentes.

 

Caso você deixe de atender algum desses critérios de avaliação seu trabalho variará entre bom ou insatisfatório.


Conclusão:

A partir desse trabalho você deverá ser capaz de conhecer o Modernismo em sua 1ª fase, no que tange aos pressupostos modernistas de Oswald de Andrade e Manuel Bandeira relativos ao fazer poético, à língua e à construção da identidade nacional.

Além disso, estabelecer diferenças entre as estéticas quinhentista, parnasiana e modernista.


Créditos:
  • Esta webquest é indicada ao 3º ano do Ensino Médio
  • Autoras:

Ana Carolina Almeida

Ana Paula Moreira

Sandra Mendes